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Monitoramento da Baía de Guanabara ganha apoio da Praticagem do Rio



Análise da qualidade da água  corria risco de interrupção por falta de recursos

Uma vez por mês, em 12 expedições durante o ano, desde 1997, pesquisadores do Laboratório de Hidrobiologia da UFRJ saem em busca de amostras das águas da Baía de Guanabara. A equipe monitora a quantidade de oxigênio, nitrogênio e fósforo do espelho d’água. Ameaçado de interrupção por falta de recursos, o trabalho de pesquisa ganhou o patrocínio da Praticagem do Rio de Janeiro desde agosto deste ano. 

Com o apoio do sindicato, foi possível alugar lanchas para dar continuidade ao monitoramento nesse importante ecossistema.

– Para fazermos a expedição, é necessária uma lancha rápida. Entre a coleta das amostras e a volta da embarcação, levamos entre três e quatro horas. O aluguel mensal dessa embarcação tem um custo muito alto, mesmo com um desconto oferecido ao projeto pela empresa de transporte  – explica o coordenador do laboratório, o professor Rodolfo Paranhos.

Segundo o professor, o apoio da Praticagem do Rio será válido por seis meses, podendo ter esse prazo prorrogado. As expedições da lancha, que leva a bordo entre seis e oito pessoas, podem ser acompanhadas em tempo real pelo site http://www.hidrobiologia.intranet.biologia.ufrj.brAlguns resultados das análises também estão disponíveis  na página do laboratório

As saídas na Baía sempre ocorrem em dias de luas minguantes ou crescentes e com maré de pouca variação. Em novembro, está marcada para o dia 9.

– O projeto de monitoramento estava ameaçado desde a Olimpíada, apesar da sua importância para a população do Rio. Entramos de parceiros porque acreditamos que a praticagem pode contribuir para a melhoria da qualidade da Baía de Guanabara – afirma o presidente do Sindicato da Praticagem do Estado do Rio de Janeiro, Everton Schmidt.  

Crise ameaçou projeto

O patrocínio da praticagem  chegou num momento em que o laboratório sofre os efeitos da crise financeira que atravessa o país. De acordo com Paranhos, a pesquisa de monitoramento da qualidade da água na Baía de Guanabara tem projetos e recursos aprovados e contratados, mas que não têm sido pagos. Em 2015, os pesquisadores chegaram a criar uma campanha, a popular “vaquinha”, anunciada pelas redes sociaispara não interromper as inspeções e análises. Com o dinheiro arrecadado foi possível tocar o projeto em 2016.

– O custo mensal do laboratório fica entre R$ 20 e 25 mil. O dinheiro público que temos para mantê-lo é de R$ 13 mil, por um período de três anos, o que é insuficiente.Muitas vezes, sobrevivemos com o dinheiro de vaquinhas – lamenta o professor, que acrescenta: – As nossas expedições só estão sendo viáveis graças à praticagem.

A qualidade da água da Baía de Guanabara vem se deteriorando ao longo dos anos e, explica Paranhos, não há perspectiva de melhora enquanto não se aumentar o tratamento dos esgotos jogados no local:

– Sem tratamento de esgotos não é possível melhorias na qualidade de água. Mas, apesar de toda a poluição, a Baía de Guanabara surpreende e apresenta bastante vida. É claro que a biodiversidade hoje é menor, mas ainda existe muita vida em suas águas. 

estudo na Baía também tem como objetivo ampliar os conhecimentos da população e desenvolver atitudes de preservação desse ambiente. Apesar do cenário de degradação, conforme Paranhos, ainda há chances de a Baía de Guanabara ser despoluída. No entanto, ainda segundo o professor, a tendência geral é de piora das condições. Ele lembra, porém, que existem épocas em que as taxas de piora da qualidade diminuem, o que dá esperança para a possibilidade de se reverter o processo de degradação.

– Para a despoluição, basta  apenas que os esgotos sejam tratados adequadamente e que se mude a mentalidade da engenharia sanitária de que jogar esgoto nos corpos d’água é uma eficiente forma de tratamento. Tratar esgoto é muito caro, mas quanto vale o litoral do Rio de Janeiro?– reflete o professor.

A equipe do Laboratório de Hidrobiologia tem a missão de  estudar a evolução da qualidade da água da Baía de Guanabara ao longo do tempo, além de relatar as suas condições:

– A partir dos resultados, também temos o papel de mobilizar a população para acreditar que a Baía de Guanabara tem salvação, e com isso pressionar nossos políticos para tomar ações efetivas em prol da real despoluição desse fantástico e riquíssimo ecossistema.