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No AP, petroleiro encalha e gera medo de uma tragédia ambiental



SELES NAFES

Um navio petroleiro carregado com aproximadamente 50 milhões de litros de petróleo deixou as equipes de praticagem e a autoridade marítima do Amapá em alerta, nesta terça-feira (15). A embarcação chocou-se contra um banco de areia e encalhou a cerca de 64 quilômetros da capital, Macapá.

O acidente aconteceu pela manhã, na localidade de Ilha das Pedreiras, no Rio Amazonas. O navio Wisby Atlantic, com 183 metros comprimentos e 32 metros de largura, seguia para Itacoatiara, no Amazonas.

Procurada pelo portal SELESNAFES.COM, a Marinha confirmou o acidente, mas não deu maiores detalhes.

“Ainda estamos apurando”, comentou o tenente Pedro Rogério, da Capitania dos Portos.

Com apoio da praticagem do Amapá o portal SN foi até o local. Um rebocador da Companhia Docas de Santana (CDSA) estava no local, por volta das 17h.

O lugar onde ocorreu o encalhe tem profundidades entre 12 e 14 metros, o que seria suficiente para o navio passar. No entanto, o petroleiro estava do lado errado do canal e bateu no barranco, ficando preso.

Por rádio, o marinheiro da lancha da praticagem conversou com funcionários do empurrador que explicaram que já haviam conseguido arrastar o navio o suficiente para liberar a proa (parte dianteira). Contudo, da meia da nau até a popa (parte traseira) o navio continuava preso.

A expectativa é de que a noite, com uma nova maré, o empurrador completaria a missão de arrastar o navio para fora do banco, o que de fato ocorreu.

Na manhã desta quarta-feira (16), ele estava fundeado na zona de praticagem da Fazendinha à espera de uma inspeção da Marinha.

Alto risco de tragédia

Para o vice-presidente mundial da Praticagem, Ricardo Falcão, o risco de um acidente grave com vazamento de petróleo no Rio Amazonas foi grande.

“Imagina um navio daquele tamanho com uma parte presa no banco. O ritmo das ondas e da maré, que desce e sobe, está estressando a estrutura da embarcação”, avaliou.

O local onde o acidente ocorreu é o único no Brasil onde a presença de um prático a bordo ainda não é obrigatória, situação idêntica à que ocorreu em março de 1989, no Alasca (EUA), quando ocorreu o mais famoso derramamento de óleo em mar da história.

O navio de Hong Kong “Exxon Valdez” também encalhou e derramou 36 mil toneladas de petróleo no mar matando milhares de animais. A supermancha de óleo se espalhou por 1,8 mil quilômetros de praias. Na época, a dona do navio gastou US$ 4 bilhões com a limpeza e indenizações.

O acidente mudou as regras de fabricação de navios petroleiros que, até então, usavam cascos simples. Mesmo assim, a Falcão avalia que o risco de ocorrer um novo Exxon Valdez é gigantesco, como neste caso.

“Com a velocidade de corrente que sobe e desce o rio em períodos de 5 a 7 horas, em cada sentido, um eventual derramamento de óleo pode contaminar a captação de água de Macapá, destruir a pesca de Afuá e contaminar diversos rios e igarapés”, alertou.

A Marinha ainda não se pronunciou oficialmente sobre o acidente.